quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O tamanho do homem

Um rapaz chega em um tradicional clube social de Porto Alegre e como não conhece absolutamente ninguém, aproxima-se de um grupo, depois de outro, e ninguém dá a mínima atenção à sua presença. O tempo vai passando, até que ele encontra uma pessoa que também o observava. Sem outra alternativa, dirige-se ao cidadão que está parado ao lado de um corredor e o saúda com um "Buenas tchê"!
O seu interlocutor, homem de fino trato, com um terno que atestava um diferencial social e uma gravata não menos valiosa, olha para o relógio e pergunta: -És daqui? ao que recebe como resposta - Bah, tá louco? não viu no meu jeito? Sou do Alegrete!
A esposa do portoalegrense sai do corredor que a levara ao toillete do belo clube, ele dá um sorriso ao alegretense e sai sem mais falar, mas deixa escapar irônico termo "Querido!", ao que nosso orgulhoso alegretense engole em seco.
Servido o magnífico jantar e passados alguns instantes, o arrogante portoalegrense começa a se contagiar com um som suave de violão. A música vai entrando nos ouvidos dos presentes, enquanto na mansidão da noite uma voz máscula e terna começa a expressar em versos "O amor às prendas lindas".
O show se estende por mais de uma hora e encerra com o magnífico "Canto Alegretense"

O antes desconhecido começava a encantar e quando a luz com tons azuis e avermelhados se espalhava no palco em meio à fumaça do gelo seco, o jovem aragano provocava o aplauso da platéia. Todos aplaudiam e o abastado portoalegrense gritava a cada nova música um "Bravo!"
A festa foi desenvolvida para premiar os empreendedores do ano. A atração era para os merecedores do troféu da elite, mas o brilho estava absorvido pelo show de abertura. Nem o valioso banquete com pratos franceses se sobressaiu tanto.
Depois, um famoso apresentador da televisão leu de um em um, os nomes dos agraciados e, dentre eles, caminhou rumo ao palco no mais original estilo "peito de galo" o garboso portoalegrense.
A festa foi um estouro, um sucesso! Logo depois, o jovem cantor veio em meio à antes platéia e tinha a cada encontro um afago no seu ego. Sua caminhada tinha como destino a porta do clube, mas estava difícil. Todos perguntavam sobre ele, se tinha algum cd, de que "família" ele era. Com paciência e simpatia ele atendia a todos e retribuía o afeto.
Quase na porta se deparou com o homem a quem havia interpelado horas antes. O homem apresentou um enorme sorriso estruturado por um dos mais famosos ortodontistas da capital. Colocou a mão no bolso interno do paletó, tirou com estilo um porta cartões e destacou um dos cartões e, virando do avesso, pediu que o jovem lhe desse um autógrafo e colocasse um número de telefone para conversarem outro dia. Educadamente o rapaz pegou a caneta de prata que o homem o entregou e escreveu rapidamente, saindo apressado.
O portoalegrense ficou com o cartão na mão e caminhou até uma área com mais luminosidade para ler. No cartão estava escrito:
Um abraço do "Querido". ps. só dou meu telefone aos Amigos!

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